Goiás teve cinco casos de febre maculosa nos últimos cinco anos; entenda riscos e como se proteger da doença
Nos últimos cinco anos, Goiás registrou cinco casos da febre maculosa, de acordo dados divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). Para entender mais sobre a doença, o g1 conversou com especialistas que explicam sobre os sintomas, o tratamento e como se prevenir - veja detalhes ao fim da reportagem.
"Apesar de ter poucos casos e a doença ser mais branda aqui [em comparação ao sudeste do país], sem registros de morte, Goiás tem o cenário ambiental perfeito para ocorrer a doença", explicou o pesquisador Felipe da Silva Krawczak.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a febre maculosa é causada por uma bactéria do gêneroRickettsia, transmitida pela picada do carrapato.A doença não é contagiosa, o que significa que ela não pode ser transmitida de uma pessoa para outra.
Professor e pesquisador da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade Federal de Goiás (UFG), que também atua como consultor técnico voluntário Ministério da Saúde e da SES-GO, Felipe Krawczak explica que a chamada "febre maculosa brasileira" é causada por uma bactéria denominadaRickettsia rickettsii, que causa quadros graves e até letais em determinados locais do país.
No entanto, ele ressalta que no Brasil, há outra bactéria que causa uma febre maculosa mais branda, que é a Rickettsia parkeri, mas somente a Rickettsia rickettsii, é transmitida pelo chamado carrapato-estrela. Esse carrapato geralmente é encontrado em animais hospedeiros, como capivaras, cavalos e até cachorros.
“Os cães, equinos e capivaras servem como sentinelas da circulação dessa bactéria em carrapatos”, explica o pesquisador.
"A capivara não transmite. Ela faz a bacteremia quando é infectada e infecta o carrapato que não está infectado. No entanto, não oferece risco [aos seres humanos]", pontuou Felipe.
Segundo o infectologista Rafael Teodoro de Carvalho Júnior, para que uma pessoa seja infectada pela doença, o carrapato infectado pela bactéria precisa ficar por bastante tempo na pele da pessoa, a picando, por volta de cinco a oito horas.
“Eles se tornam um problema porque são muito pequenos e a pessoa pode ter sido picada e não conseguir enxergá-lo”, frisou Rafael Teodoro.
O professor Felipe Krawczak explicou que, em uma pesquisa liderada por ele e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi possível concluir que não há a circulação da bactéria Rickettsia rickettsii (que é a bactéria responsável por quadros graves e de letalidade) nas áreas de risco analisadas, em Goiânia.
No estudo, foram analisados, em um raio de 3 km: as proximidades da barragem do rio João Leite; o bairro Vila Morais, prróximo ao rio Meia Ponte e a Fazenda Escola e Experimental da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele explicou que os dados são recentes, tendo sido coletados de março de 2020 a abril de 2022 e publicados este ano.
"Até o momento, a bactéria altamente letal,Rickettsia rickettsii, não foi detectada no estado de Goiás. No estudo, nós não encontramos o DNA da Rickettsia rickettsii nos carrapatos e nem de Rickettsias pertencentes ao grupo da febre maculosa. Encontramos apenas aRickettsia belliinos carrapatos e os anticorpos delas nos animais [em Goiânia], mas essaRickettsia não causa a febre maculosa. Alguns animais, no entanto, apresentaram anticorpos para Rickettsias do grupo da febre maculosa", explicou o pesquisador.
Sintomas e tratamento
- Febre
- Mal estar
- Dor de cabeça intensa
- Náuseas e vômitos
- Diarreia e dor abdominal
- Dor muscular constante
Além disso, com a evolução da doença é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
Exantema e edema de mão na febre maculosa brasileira — Foto: Angerami et al. (2021, p. 1036)
A médica infectologista Juliana Barreto explicou que os sintomas iniciais da febre maculosa são similares aos da dengue. Por isso, é necessário prestar atenção também se há a presença de lesões de picadas de carrapato pelo corpo e sintomas da doença ou se a pessoa esteve em locais propícios, como a área rural, parques, ou se a pessoa possui animais de estimação.
G1 Goiás
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